Por Plataforma Meio / Foto AFP
Em tom de permanente campanha, Donald Trump fez nesta madrugada seu primeiro discurso ao Congresso no novo mandato defendendo de forma enfática as muitas medidas polêmicas que adotou desde a volta à Casa Branca, a começar pela imposição de tarifas às importações dos vizinhos Canadá e México e da rival China. Mais que isso, avisou que outros países, incluindo Brasil e Índia, estão na fila para novas tarifas por tratarem os EUA “de forma injusta” no comércio internacional. O apelo à união nacional, comum na primeira fala de um presidente ao Legislativo, foi jogado para o alto, com Trump citando o antecessor Joe Biden 12 vezes para culpá-lo tanto pela alta do preço dos ovos quanto pelos gastos no apoio à Ucrânia, aproveitando para reafirmar que está “trabalhando incansavelmente” para encerrar a guerra. Mas a política interna foi o tema principal do discurso de uma hora e 40 minutos – o mais longo já feito por um presidente no Congresso. Trump decretou a morte da “cultura woke” – termo identificado com políticas progressistas – nas escolas, no governo e nas Forças Armadas, e defendeu a ação de Elon Musk, alvo de críticas até dentro do governo pelo desmonte em instituições públicas. (CNN)
A reação ao discurso de Trump mostrou a divisão dentro da oposição democrata. O líder Hakeem Jeffries queria uma resposta sóbria, mas alguns se exaltaram. O deputado Al Green, do Texas, levantou-se e interrompeu Trump tantas vezes que acabou retirado do Plenário. Alguns deixaram o recinto em protesto, enquanto outros levantaram placas onde se lia “Elon rouba” e “isso é mentira”. (Politico)

Confira as verdades, mentiras e exageros no discurso de Trump. (FactCheck.Org)
No mesmo dia em que as novas tarifas entraram em vigor, China, México e Canadá anunciaram que vão retaliar. A partir do dia 10, a China vai impor tarifas de até 15% a uma série de produtos agrícolas americanos e colocou mais de 20 empresas em uma lista suja que inclui até mesmo a proibição de negociar ou investir no país. O premiê canadense, Justin Trudeau, condenou a “guerra comercial americana”. Embora tenha dito que encontrar uma solução para a disputa comercial é sua prioridade, Trudeau anunciou tarifas imediatas sobre US$ 30 bilhões em importações americanas. Já a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que seu governo está preparado para retaliar. (Washington Post)
Em meio ao temor de uma guerra comercial com os vizinhos, o secretário americano do Comércio, Howard Lutnick, disse que a administração Trump pode anunciar um acordo com canadenses e mexicanos ainda hoje. “Tanto os mexicanos quanto os canadenses estiveram ao telefone comigo o dia todo tentando mostrar que farão melhor, e o presidente está ouvindo, porque você sabe que ele é muito, muito justo e razoável”, afirmou, acrescentando que desta vez não será uma pausa. (The Hill)