Número de notificações de pessoas vivendo com HIV vem aumentando em todo o país
Por Administrador
Publicado em 25/08/2025 12:01
Saúde

Em Campos, segundo dados do Centro de Doenças Infecto-Parasitárias, entre os meses de janeiro e julho deste ano foram diagnosticados 109 novos casos de HIV

Por Kelly Maria e César Ferreira, da Secom Campos

O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), um retrovírus que, ao infectar um indivíduo, ataca o seu sistema imunológico e o deixa suscetível a infecções oportunistas, sendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) uma complicação pós-infecção, ainda ocupa um papel importante no Brasil, mesmo com o desenvolvimento da terapia antirretroviral. O diretor da subsecretaria de Vigilância em Saúde, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o infectologista Rodrigo Carneiro, informou que o número de notificações de pessoas vivendo com HIV, especialmente entre adultos jovens, vem aumentando em todo o país.

Carneiro também menciona que aproximadamente 0,5% da população brasileira vive com HIV, o que equivale a cerca de um milhão de pessoas. Desse total, entre 250 a 300 mil pessoas não sabem que estão infectadas, o que é preocupante, pois elas podem adoecer e continuar transmitindo o vírus. “Isso acontece porque essa geração não vivenciou o período de maior risco e letalidade da doença, e também pela falta de investimento em campanhas de prevenção. Como resultado, o número de infectados não diminui e a infecção pelo HIV continua sendo um grave problema de saúde pública”, reiterou.

Em Campos, segundo dados do Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), entre os meses de janeiro e julho deste ano foram diagnosticados 109 novos casos de HIV. Já no ano passado foram 220 casos. O CDIP tem atualmente cerca de 4 mil pacientes cadastrados. Deste total, 3.100 continuam em tratamento ambulatorial e os demais em abandono, tendo deixado de retirar os antirretrovirais. No município, a faixa etária da maioria dos usuários é de 30 a 39 anos, o que corresponde a 34,45% dos pacientes.

“A infecção pelo vírus HIV foi transformada em uma doença crônica, como pressão alta ou diabetes, que tem controle, mas não cura. Se a pessoa não tomar a medicação corretamente, ela terá problemas no sistema imunológico. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento e garantir que a pessoa viva uma vida normal. Para isso, é preciso conscientizar e educar a população, além de disponibilizar o teste rápido nas Unidades Básicas de Saúde, algo que o município de Campos já faz”, ressaltou o médico.

Rodrigo destaca que ter múltiplos parceiros sexuais e comportamentos de risco aumenta a chance de contaminação por HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis; hepatites B e C; gonorreia; HPV, entre outras. “A recomendação é usar preservativo em todas as relações não monogâmicas e, em relações monogâmicas, só abolir o uso do preservativo se todos os envolvidos fizerem exames periódicos”, orientou.

PAPEL DO SUS — O Sistema Único de Saúde é fundamental na disponibilização do diagnóstico, por meio da testagem rápida e do tratamento para a infecção pelo HIV. “O Brasil se destaca mundialmente por distribuir gratuitamente medicamentos antirretrovirais, que podem custar milhares de dólares por mês. Além da distribuição de remédios, o SUS é responsável por campanhas de diagnóstico e conscientização, que, apesar de terem recebido menos investimento nos últimos anos, são essenciais”, salientou o infectologista, finalizando que apesar de ser uma infecção controlável, ainda existe um estigma muito forte na sociedade, associando o HIV à promiscuidade e falta de cuidado com a saúde. “Essa discriminação afeta muito o lado emocional dos pacientes, que muitas vezes chegam debilitados por conta dessas crenças equivocadas.

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